Vila de Frades, histórica localidade do concelho de Vidigueira, irá receber o próximo concerto da 9.ª edição do Festival Terras Sem Sombra, a 1 de Junho, pelas 21h30, na igreja matriz de S. Cucufate. A soprano Carmen Romeu, o barítono Luís Rodrigues e o tenor Mário João Alves – figuras de referência da cena musical ibérica –, a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos interpretarão, sob a batuta do famoso maestro Donato Renzetti (na foto) , a oratória Die Jahreszeiten (As Estações), de Franz Joseph Haydn. Realizado em co-produção com o Teatro Nacional de São Carlos, este espectáculo inaugura uma nova fase da vida do Festival.
Segundo Paolo Pinamonti, director artístico do Terras Sem Sombra, trata-se de focar a verdadeira essência do projecto Terras sem Sombra, que se centra num diálogo entre música, património e natureza: “nesta oratória evoca-se com grande virtuosismo – desde o canto dos pássaros e o coaxar das rãs, até ao lavrador que semeia, do toque do sino e do zumbido dos insectos, até ao pastor que toca uma melodia numa cana ou à canção da roda de fiar – o equilíbrio perfeito, entre o homem e o Mundo, numa sintonia idílica”.
Para este efeito, Pinamonti idealizou um aparato notável, com a orquestra e o coro do nosso Teatro Nacional, solistas de grande pujança e – um feito musical de primeira ordem – a presença de um dos mais importantes maestros da actualidade, Donato Renzetti, célebre pela sua actuação à frente da Chicago Opera House. Este “grande senhor” da música desloca-se de muito longe para tomar parte, de novo, num festival, como ele próprio fez questão de acentuar, em 2012, quando pisou o Alentejo pela primeira vez, “já é uma referência da música internacional, pela qualidade da programação e pela ligação ao território e às pessoas”.
José António Falcão, director-geral do Terras sem Sombra, justifica a escolha de Vidigueira como palco primordial para um momento musical sem dúvida singular: “As Estações de Haydn adquirem aqui um significado muito especial; encontramo-nos numa zona de excepcional riqueza agrícola, e especialmente vinícola, em que a interacção do homem com a terra modelou, ao longo de muitos séculos, uma paisagem notável. A villa romana de S. Cucufate, que deu lugar, na Idade Média, a um mosteiro famoso, é extraordinária prova disso, tal como o património religioso que chegou aos nossos dias”.
Como habitual no Festival, a manhã de domingo, dia 2, será consagrada a uma actividade de voluntariado para a sensibilização ambiental, em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Universidade de Évora e a autarquia local, que tem por alvo a valorização do papel das aves insectívoras como bioindicadores da riqueza ecológica dos sistemas agrícolas e florestais. Com a presença de músicos, espectadores e membros da comunidade, pretende-se alertar, de maneira prática, para a importância do controlo de populações de insectos prejudiciais às culturas através da potenciação da avifauna, em detrimento da utilização de insecticidas – uma garantia muito importante da sustentabilidade e da qualidade de vida.
(ler mais em http://festivalterrassemsombra.org )
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