A história é simples e conta-se em poucas linhas: em plena década de 20 do passado século, e depois de preso por desvio de fundos em Angola, Artur Alves dos Reis arquitectou um ardiloso plano, no âmbito do qual, e mediante vários estratagemas, conseguiu falsificar dinheiro português e enriquecer. Contudo, o crime raramente compensa e Alves dos Reis acabou por cair nas malhas das justiça e ser condenado a 20 anos de prisão por burla. Ora quis o destino que a governar na altura o Banco de Portugal estivesse Inocêncio Camacho Rodrigues, alentejano de gema e meio-irmão de Manuel de Brito Camacho. Nascido em Moura em 1867, filho de Manuel do Carmo Rodrigues da Costa e de Genoveva Máximo Camacho, Inocêncio Camacho Rodrigues acabou por ser uma das mais ilustres personalidades da política e finanças da época, apesar de ficar com essa “mancha” chamada Alves dos Reis no seu currículo.
Professor na Faculdade de Ciências e deputado à Assembleia Constituinte de 1911, Camacho Rodrigues foi também jornalista e colaborador dos jornais “A Luta” e “A Pátria”, director-geral da Fazenda Pública, secretário-geral do Ministério das Finanças e ministro das Finanças no Governo de António Granjo (1920).
Antes, em 1911, Inocêncio Camacho Rodrigues foi empossado como o quinto governador do Banco de Portugal, sucedendo a José Adolfo de Mello e Sousa, cargo em que se manteve até 30 de Junho de 1936, apesar do escândalo em que se viu envolvido devido às burlas de Alves dos Reis. Faleceu a 11 de Setembro de 1943.
(in Correio do Alentejo)
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