13 de maio de 2013

Tapeçarias de Portalegre em exposição (Lisboa)

Em Portugal existe um tesouro artístico com uma grande tradição e do qual pouco se fala, mas ele está bem vivo e é exposto frequentemente. Falamos da Tapeçaria de Portalegre, técnica já com 70 anos desde a sua invenção e que continua a ser posta em prática por artistas portugueses contemporâneos de topo como Joana Vasconcelos ou Siza Vieira, mas que ao longo dos tempos foi sendo escolhida também por artistas internacionais. Um pouco por todo o mundo, a tapeçaria tem vindo a conhecer um declínio e um desinteresse por parte do público, estando muitas vezes limitada a reproduções de peças antigas ou a exposições em museus. Ao contrário desta tendência internacional, a Tapeçaria de Portalegre continua dinâmica e a aliar-se aos artistas contemporâneos. É esta história que começou nos anos 40 do século passado que se conta na exposição “Vai Ser Arte – 70 Anos de Arte Contemporânea”, no Jardim da Cascata do Palácio Nacional de Belém.

De entre os vários equívocos que os mais distraídos cometem ao observar uma Tapeçaria de Portalegre, um deles é confundi-la com um tapete. Ora estas tapeçarias não foram feitas para estarem no chão, são de uso mural, ou seja, em parede. São para serem observadas na vertical e não pisadas na horizontal. Outro equívoco é a ideia de que a tapeçaria reproduz um quadro e ponto final. Ora, é possível que assim seja em algumas excepções, mas esta exposição mostra aquilo que existe antes de se realizar a tapeçaria: os chamados cartões. Os cartões são desenhos a partir dos quais se realiza o motivo em quadrícula que serve para as tecedeiras se guiarem na construção da tapeçaria fio a fio, nó a nó. Pode dizer-se que estes cartões vão ser arte, no sentido em que são apenas uma das etapas para a realização da obra de arte finalizada. Mas também se pode olhar para os cartões como obras de arte em si mesmas. É essa a proposta desta mostra: conhecer as peças que deram origem às tapeçarias. E com isso entender as capacidades técnicas da tapeçaria, assim como os passos e saberes que a desenvolvem e concretizam. Talvez depois desta exposição já haja menos pessoas a chamarem estas obras de arte de tapetes.

“Vai Ser Arte – 70 Anos de Arte Contemporânea”. No Jardim da Cascata do Palácio Nacional de Belém até 31 de Agosto. Ter-Sex 10.30-13.00/ 14.00-17.30; Sáb 10.30-13.00/ 14.00-17.30; Dom 14.00-17.30. Bilhetes: 2,50€.

(Expresso)

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