De entre os vários equívocos que os mais distraídos cometem ao observar uma Tapeçaria de Portalegre, um deles é confundi-la com um tapete. Ora estas tapeçarias não foram feitas para estarem no chão, são de uso mural, ou seja, em parede. São para serem observadas na vertical e não pisadas na horizontal. Outro equívoco é a ideia de que a tapeçaria reproduz um quadro e ponto final. Ora, é possível que assim seja em algumas excepções, mas esta exposição mostra aquilo que existe antes de se realizar a tapeçaria: os chamados cartões. Os cartões são desenhos a partir dos quais se realiza o motivo em quadrícula que serve para as tecedeiras se guiarem na construção da tapeçaria fio a fio, nó a nó. Pode dizer-se que estes cartões vão ser arte, no sentido em que são apenas uma das etapas para a realização da obra de arte finalizada. Mas também se pode olhar para os cartões como obras de arte em si mesmas. É essa a proposta desta mostra: conhecer as peças que deram origem às tapeçarias. E com isso entender as capacidades técnicas da tapeçaria, assim como os passos e saberes que a desenvolvem e concretizam. Talvez depois desta exposição já haja menos pessoas a chamarem estas obras de arte de tapetes.
“Vai Ser Arte – 70 Anos de Arte Contemporânea”. No Jardim da Cascata do Palácio Nacional de Belém até 31 de Agosto. Ter-Sex 10.30-13.00/ 14.00-17.30; Sáb 10.30-13.00/ 14.00-17.30; Dom 14.00-17.30. Bilhetes: 2,50€.
(Expresso)
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