23 de junho de 2013

O alentejano que assassinou o ditador Sidónio Pais

Noite de 14 de Dezembro de 1918.
Lisboa, Estação do Rossio.
O Presidente da República Sidónio Pais prepara-se para embarcar num comboio rumo ao Porto, quando de repente saem da penumbra duas balas assassinas que colocam termo ao sonho do “sidonismo” em Portugal. Ao choque dos disparos responde a guarda presidencial, que de imediato prende o assassino, um jovem rebelde de 25 anos, natural de Garvão. Chamava-se José Júlio da Costa e encontrou no atentado a forma de se vingar de Sidónio Pais, que acusava de ter abandonado à sua sorte o Corpo Expedicionário Português que combatia na Flandres durante a primeira Grande Guerra Mundial e de ter faltado à palavra durante a greve dos trabalhadores de Vale de Santiago (Odemira), meses antes.

Nascido a 14 de Outubro de 1893, José Júlio da Costa era o segundo dos sete filhos de Eduardo Brito Júlio e Maria Gertrudes da Costa Júlio. Aos 16 anos, ofereceu-se como voluntário ao exército português, lutando pela implantação da República. Seguiram-se novas batalhas em Timor, Moçambique e Angola, sempre como voluntário, o que lhe valeu um louvor em 1914. Dois anos depois abandonou o exército com o posto de segundo sargento e regressou às origens.

Em 1918, uma greve dos trabalhadores rurais de Vale de Santiago levaram-no à posição de negociador entre autoridades e revoltosos, conseguindo o consenso. Contudo, acabou traído pela palavra das autoridades, que não cumpriram o prometido e deportaram grande parte dos revoltosos para África. Inconformado, José Júlio da Costa planeou o atentado e matou Sidónio Pais. Acabou por falecer em 1946, com 52 anos, no Hospital Miguel Bombarda, depois de 28 anos de prisão sem direito a julgamento.
(in Correio do Alentejo)

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