Numa notícia do género “fait divers”, leio que os Alentejanos são os que demoram mais tempo a tomar banho!
Não sei se a notícia seria notícia, caso este pódio recaísse sobre um Beirão, um Minhoto ou mesmo sobre um Transmontano.
Não sei se a notícia é um elogio, ou a tradicional pacovinisse que os não alentejanos têm em relação à nossa maneira de tratar o tempo; ou seja: com tempo!
Mas a autora da notícia esqueceu-se de um pormenor de vital importância!
Os Alentejanos não “tomam” banho; os Alentejanos “dão” banho. “Tomar” é nome de cidade, é coisa para martinis, cafés, moscatéis e xarengas dessas ao Domingo de manhã depois do dito,”dado”!
Tomar banho é assim uma coisa de “fastbath”, uma espécie de hambúrguer ou cachorro mas molhado. Coisa de urbano que substitui a famosa lavagem à gato, por outra do mesmo teor mas de corpo inteiro.
Por cá, damos ao corpo um tempo de prazer e luxúria, coisa que fazemos “dempelão” como por aqui se diz, ou seja: em nu integral.
Podem acusar os alentejanos de muita coisa, mas de falta de higiene é que não. Ao entrarmos numa terra, numa rua, numa casa, sentimos que, higiene e limpeza são coisas que por aqui se levam e lavam a peito.
Tão a peito, que muita gente pule, brune, engoma, varre, esfrega, lava e chega ao ponto de caiar o chão que pisamos, podendo-se em muitos casos, beijar o imaculado branco das pedras da calçada.
Diz-nos a autora no bilhete postal do Correio da Manhã onde li a notícia: Os Alentejanos são os portugueses que demoram mais tempo a tomar banho.
Não pensem que é indolência. É estilo! É categoria! É classe!
Napoleão Mira
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