27 de abril de 2013
Música Clássica em Évora
29 de Abril, 21:30, Auditório do Colégio Mateus de Aranda
ORQUESTRA DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Direcção: Christopher Bochmann
Programa:
Abertura: La Cenerentola Gioacchino Rossini
Sinfonia nº 99 em Mi bemol Joseph Haydn
Fandango - Suite Alentejana nº 1 (reorquestração de Christopher Bochmann) Luís de Freitas Branco
Entrada livre
Luís de Freitas Branco (Lisboa 12/10/1890 – Lisboa 27/11/1955) domina o século XX português com a estatura de um colosso, de importância comparável, no domínio da música, a um Fernando Pessoa. Poderosa e multiforme, a sua criação colocou-nos em sintonia com a Europa, em certos casos antecipando-se a ela; veio estabelecer um novo patamar de excelência, tornando-se pedra de toque do reportório português em praticamente todos os domínios.
Oriundo de duas das mais antigas famílias aristocráticas do país, que incluem antepassados como Damião de Góis e o Marquês de Pombal, Luís de Freitas Branco foi marcado pela dimensão cultural de seu tio João de Freitas Branco (1855-1910), dramaturgo, ensaísta e crítico, possuidor de uma biblioteca excepcional e um tradutor de Ibsen e Oscar Wilde. As principais línguas europeias tornaram-se-lhe familiares desde criança e foi com o tio e com uma preceptora irlandesa que Freitas Branco começou os estudos musicais.
Caso excepcional de precocidade, compôs a primeira obra do seu catálogo aos 13 anos: a canção Aquela Moça é premonitória pelo seu fino recorte modal (no modo dórico), que revela a influência de um dos seus principais mestres de composição, o padre Tomás Borba. Outro professor foi Augusto Machado, compositor de óperas de surpreendente qualidade, como Lauriane e La Borghesina. Especialmente importantes, contudo, foram as aulas que teve com Désiré Pâque, compositor belga que foi um percursor da atonalidade e que veio para Lisboa em 1906 para ser professor de órgão do príncipe D. Luís.
A vertente folclorista é um caso especial na obra de Freitas Branco. Este detestava a palavra “folclore” e foi o seu amor ao Alentejo que inspirou as suas grandes incursões sinfónicas nessa área que são as Suites Alentejanas, a 1.ª escrita ainda em 1919, na década “modernista”. Pioneiro no interesse pelas canções populares de cunho modal, Freitas Branco lançou nas duas suites (a 2.ª é de 1927) um modelo que seria explorado – e banalizado – pelo Estado Novo. Já em pleno contexto da ditadura, harmonizou em 1943 dezenas de canções populares para voz e piano e para coro, sobretudo do Alentejo, mostrando enorme versatilidade, por vezes com um travo semelhante ao que Fernando Lopes-Graça explorava na mesma época. Na versão para voz e orquestra, oito dessas canções atingem uma qualidade comovente, entre os melhores exemplos do folclorismo português do século XX.
(in Alexandre Delgado)
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