29 de janeiro de 2018

16 de janeiro de 2018

Olhar para os mortos, olhar pelos mortos.


O Núcleo Museológico da Rua do Sembrano promove, esta quinta-feira, 18 de janeiro, , a partir das 21h30, a conferência “Olhar para os Mortos. Olhar pelos mortos” que apresentará algumas reflexões sobre as práticas funerárias do 4º e 3º milénios a.C., no Sul de Portugal.

Partindo do registo arqueológico, discutir-se-ão as práticas funerárias, os gestos, as arquiteturas e os objetos ligados à Morte, no 4º e 3º milénios AC, no Sul de Portugal, refletindo sobre a centralidade crescente do universo funerário - nas suas múltiplas componentes - no processo de organização social das comunidades neolíticas e calcolíticas.

O investimento efetivo realizado na construção/uso/transformação dos monumentos megalíticos, os objetos que denunciam protagonismo social, os materiais que refletem uma complexidade simbólica crescente, a manipulação intensa dos restos humanos são alguns dos elementos usados nesta reflexão que permitem reconstruir o complexo papel da Morte e o papel ativo que os mortos possuem nas dinâmicas sociais, ao longo do 4º e 3º milénios AC, no Sul de Portugal.

Esta iniciativa está integrada no ciclo expositivo “Sob a Terra e as Águas – Porque há sempre novas histórias a contar…”. Assim, neste dia, também será inaugurada a exposição de arqueologia – Olhar o mundo há 5000 anos – uma organização da EDIA, Câmara Municipal de Beja e Direção Regional de Cultura, com o apoio da Associação de Defesa do Património de Beja.

Sobre a conferencista:

Mariana Diniz
Arqueóloga, doutorada em Arqueologia e Pré-História, docente do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Sub-diretora do Centro de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa - UNIARQ e membro da Direcção da Associação dos Arqueólogos Portugueses

11 de janeiro de 2018

Museu Virtual da Biodiversidade (Évora) adapta conteúdos ao ensino

O Museu Virtual da Biodiversidade, um projecto da Universidade de Évora, foi objecto de um protocolo entre esta instituição do Ensino Superior e a Direcção-Geral de Educação. Neste contexto, os conteúdos do Museu vão ser adaptados aos programas do ensino básico e secundário para uma maior interacção com a comunidade educativa.

O objetivo da parceria, segundo a Universidade de Évora (UÉ), é “maximizar a valia” do Museu Virtual da Biodiversidade (MVBD), disponível na Internet, “como recurso educativo ao serviço de alunos e professores”.

Criado em 2012, com o apoio da Cátedra de Biodiversidade “Rui Nabeiro”, o MVBD destina-se à divulgação da biodiversidade de Portugal e à sensibilização do público para a necessidade da sua preservação.

A base de dados, que pode ser acedida em http://museubiodiversidade.uevora.pt, pretende representar toda a diversidade da fauna e da flora portuguesas.

(Notícias ao Minuto / Porto dos Museus)

8 de janeiro de 2018

Museu de Tapeçarias de Portalegre vai ser reabilitado e ampliado

O Museu de Tapeçarias de Portalegre “Guy Fino” vai ser reabilitado e ampliado para acolher peças de maiores dimensões, num investimento de 400 mil euros. Segundo Adelaide Teixeira, presidente do Município, as obras no edifício, que “apresenta algumas patologias”, devem arrancar em fevereiro e prolongar-se por um período de dez meses.

(…)

A autarca explicou ainda que, durante os trabalhos, o museu “não vai fechar” as portas ao público, começando as obras pela “intervenção maior”, que consiste na recuperação do edifício adjacente, atualmente devoluto.

Inaugurado a 14 de julho de 2001, o Museu da Tapeçaria de Portalegre “Guy Fino” presta homenagem ao industrial Guy Fino, que integrou Portugal na lista dos grandes produtores internacionais de tapeçaria artística. Com áreas para exposições permanentes e temporárias, o espaço tem características únicas, entre as muralhas medieval e setecentista da cidade.

(Observador / Porto dos Museus)

2 de janeiro de 2018

Pedro Mestre leva a campaniça a Odemira

Será na noite de 5 de janeiro que o espetáculo “Folclore de Natal, Janeiras e Reis” de Pedro Mestre subirá ao palco do Cineteatro Camacho Costa, em Odemira.

A abrir o espetáculo estará o Grupo Coral de Odemira, para logo após a campaniça de Pedro Mestre se dedicar aos cânticos tradicionais que ao longo dos anos se ouviam nas aldeias e vilas alentejanas nesta época festiva: o Cante ao Menino, as Janeiras e os Reis.

A Pedro Mestre (voz e viola campaniça), David Pereira (voz), José Bento (voz), Pedro Calado (voz), José David (piano), Nuno Fernandes (viola baixo e contrabaixo) e Catarina Anacleto (violoncelo), vão juntar-se ainda vários músicos e artistas convidados.

(Público / Tribuna do Alentejo)

21 de dezembro de 2017

O lince ibérico gosta das margens do Guadiana

A população de lince-ibérico em Portugal e Espanha ultrapassará os 500 animais no fim do ano, afirmou ontem o conselheiro do Meio Ambiente e Ordenamento do Território da região da Andaluzia. 

Em declarações aos jornalistas, José Fiscal indicou que há um aumento de 25 indivíduos em relação a 2016 e que, só naquela região, o número de lince-ibérico supera os 400, registando-se aumentos em várias áreas.

No próximo ano serão libertados 31 animais nas áreas de reintrodução no habitat selvagem para continuar a fazer aumentar a população dos felinos.

“No início da década havia 95 exemplares em liberdade”, disse à margem da abertura de uma passagem inferior para animais na autoestrada que liga Almonte a El Rocío. Em Portugal, o Vale do Guadiana contava no final de setembro com 15 animais com territórios estabilizados e 16 crias já nascidas na natureza, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas.

(Ambiente Magazine)

18 de dezembro de 2017

Associação de Defesa do Património recupera forno comunitário em Beja


Só os que têm mais de 30 anos é que ainda se recordavam do tempo em que a Ti Bia Gadelha cozia o pão que as famílias amassavam em casa, cobrando apenas uma dízima, em géneros, pelo serviço que prestava. Era o único forno comunitário da cidade, e um dos que mais tempo se mantiveram em funcionamento de entre cerca de uma dezena que foram sendo destruídos, à medida que as unidades panificadoras e o consumo de “carcaças com mamilos” foi substituindo o característico pão alentejano. Agora, vai voltar a aquecer e é motivo de festa, com vários artistas de Beja reunidos para garantir apoios.

A recuperação do forno da Ti Bia Gadelha, situado na Rua Aresta Branco, muito próximo do castelo de Beja, tornou-se possível depois de os irmãos Vera Maria dos Santos Monteiro Torres e Pedro Jorge dos Santos Monteiro Torres, ambos médicos em Lisboa, o terem doado, com uma casa contígua, à Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja (AdpBeja).

Florival Baiôa, 66 anos de idade, historiador e presidente da AdpBeja, dinamizador do projecto de recuperação do forno, recordou ao PÚBLICO que, quando era criança, tanto ele como outros miúdos estabeleciam itinerários pelas ruas de Beja “sempre pela sombra, fugindo ao sol tórrido do Verão” para levar um tabuleiro de esmalte com os “panitos” (pães) cobertos com um pano branco ao forno da Ti Bia Gadelha. Ficava quase a um quilómetro da sua casa. Na época, “as pessoas amassavam o pão em casa e este durava 15 dias”, acentua. Agora, ao fim de três dias já começa a ganha bolor. “É o problema das farinhas industriais”, observa o historiador. E revela um pormenor: para além do trigo que será moído no moinho da Ti Xica, erguido junto à rotunda que assinala a entrada na cidade de Beja, “vai-se utilizar ‘trigo’ mourisco, sem glúten.” Não se trata de um cereal, mas de sementes de um fruto aparentado com as azedas.

O historiador avança ainda uma curiosidade: a lenha que se utilizava no forno da Ti Bia era de esteva, por ter “uma combustão lenta, no tempo adequado, e um cheiro fantástico que perfumava o ambiente da zona envolvente”. Vinha em mulas da zona de Baleizão e de mais longe ainda. Por ser uma lenha óptima para os fornos, vai retornar ao da Ti Bia “para dar um sabor especial, sobretudo aos assados“, garante Florival Baiôa.

Logo que tomou conhecimento da proposta de recuperação do forno da Ti Bia Gadelha, o cantor e compositor António Zambujo propôs a realização de um espectáculo solidário para angariação das verbas destinadas às obras. Ao PÚBLICO Zambujo, natural de Beja, e que viveu em criança mesmo junto ao forno da Ti Bia, diz que já não o conheceu a funcionar. O lugar estava ocupado “por um sapateiro e ao lado havia um barbeiro com muita falta de vista”. A rua era espaço de brincadeira, “porque havia muitos miúdos a andar de bicicleta e a jogar à bola”. Hoje sobra o silêncio e as casas vazias.

“É frequente as pessoas imputarem responsabilidades a terceiros quando se trata de resolver o que interessa a todos”, observa o cantor/compositor. “Devem ser os cidadãos a fazer o que tem de ser feito pelos nossos sítios, incutindo o sentido comunitário”, defende. Neste sentido, diz ter “um gosto enorme em associar-se a outros companheiros de Beja”, como Bruno Ferreira (imitador de vozes), Cantadores do Desassossego, Discípulos, Jorge Serafim, Grupo Coral de Beja e Virgem Suta, para dar hoje um concerto, às 21h30, no Cine/Teatro Municipal Pax Júlia (a lotação está esgotada). Não cobram cachet para financiar o que na realidade os motiva: a recuperação do tradicional pão alentejano e de uma vivência popular que o tempo e as “modernices” foram esbatendo. A eles juntam-se os artistas André Lança, Pedro Fernandes, Sofia Almeida e Paulo Monteiro e Susa Monteiro que vão inaugurar hoje, às 18h, uma exposição de artes plásticas com o mesmo objectivo.

As obras de recuperação do forno têm o acompanhamento técnico da Câmara de Beja e estão a ser executadas por trabalhadores da União de Freguesias de Santiago Maior e S. João Baptista. A entrada em funcionamento do forno está prevista para Março/Abril.

Quem era a Ti Bia Gadelha?

Ti Bia Gadelha ou Tia Maria do Forno trabalhou até quase ao fim dos seus dias, há cerca de 30 anos. Toda a gente a conhecia e ao redor do forno cheirava a esteva queimada que se libertava e se espalhava pelo velho bairro de Beja.

Viam-na comer com o companheiro do mesmo prato, “em frente um do outro”, numa mesa junto ao forno, descreve o historiador Florival Baiôa.

O nome já vem de longe. Recebeu-o de um antepassado, um velho acendedor de candeeiros de rua alimentados a azeite, no início do século XX. Ostentava uma farta cabeleira, isto é, uma “grande gadelha”, que lhe ficou como “imagem de marca”. Os seus familiares ainda hoje mantêm a alcunha como um ícone, como é o caso de duas sobrinhas-netas.
(Público)

14 de dezembro de 2017

Templo Romano de Évora surge de “boa saúde” depois de quatro meses de obras

Foto Rui Cunha
O Templo Romano de Évora, datado do século I depois de Cristo (d.C.), vai voltar a estar como nos postais turísticos e "melhor de saúde", após quatro meses de obras de conservação e restauro.

Os andaimes e o estaleiro começam a ser desmontados na quarta-feira e o monumento fica sem sinais das obras na próxima semana, revelou hoje Rafael Alfenim, arqueólogo da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen).

O responsável, que falava à margem de uma visita de jornalistas ao monumento, indicou que as obras permitiram "resolver as situações mais críticas", nomeadamente o risco de queda de fragmentos de alguns capitéis.
"Esta intervenção foi para melhorar o seu estado de conservação e prolongar-lhe a vida. Ficou de melhor saúde do que estava anteriormente", resumiu Maria Fernandes, da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Segundo os dois técnicos, além da conservação e restauro, foi feito também um mapeamento em desenho e fotografia do monumento, que vai permitir que, no futuro, seja "mais fácil atuar" quando existir alguma anomalia.
"A estrutura não é tão problemática e tem mais resistência sísmica do que era de esperar, mas os materiais [pétreos] só agora é que foram avaliados mais sistematicamente", indicou o arqueólogo Rafael Alfenim.

O técnico da DRCAlen contou que, durante os trabalhos, foi possível recolocar duas peças nos capitéis que estavam na reserva do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo e que não se sabia a qual era a sua origem.
"Nunca se pode dizer que um monumento destes está conservado para sempre", disse, admitindo que "haverá sempre necessidade de fazer acompanhamento e intervenções que se manifestem necessários".

Os elementos em mármore que estavam em risco nos capitéis, precisou Maria Fernandes, da DGPC, foram estabilizados com recurso a "uma argamassa estudada com base em cal e inertes muito finos de pó de pedra".
O diretor do Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, António Candeias, assinalou que "foi uma oportunidade para recolher materiais que vão dar informação" sobre as técnicas e tipos de materiais utilizados na construção do monumento.

Por outro lado, revelou que o Laboratório HERCULES criou um modelo a três dimensões dos capitéis e que, num deles, testou "um novo biocida que é não tóxico" e que gerou "resultados muito promissores".
Construído há dois mil anos, com mármores de Estremoz e Vila Viçosa e granitos da zona de Évora, o Templo Romano, único no país e um dos mais notáveis da Península Ibérica, é monumento nacional e está abrangido pela classificação do centro histórico da cidade como Património Mundial, pela Organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

(DN)