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25 de janeiro de 2015

"Para além do muro" em digressão alentejana...



Drama de uma mulher (Irene Krall) assombrada pela sua experiência no Gueto de Varsóvia enquanto criança.

As memórias recorrentes da tragédia da vida, da sobrevivência e da morte no Gueto serão permanentes, projectando-se na vida actual, de mulher casada, mas incapaz de se libertar do seu passado, apesar das tentativas do marido (Alberto Krall).

Ambos vivem agora em Berlim, tendo como amigos alguns ex-refugiados.

Este passado é subitamente reforçado pela entrada em cena de alguém que conhece Alberto (David Blum), associando-o às equipas de delação e de deportação de milhares de judeus na Polónia.

O desenrolar deste drama – que passará ainda pelo facto histórico da construção do Muro de Berlim - lembrar-nos-á que a História da Humanidade está associada à luta por territórios: geográficos, ideológicos, culturais.

Que os muros invisíveis ao olhar são tão eficientes como os outros, os de tijolo ou de cimento, erguidos entre Povos - China (Grande Muralha, 200 AC) - entre Estados – Alemanha Oriental / Alemanha Ocidental (1961) Estados Unidos/ México (1994) Israel / Cisjordânia (2002) ou mesmo entre classes sociais – Rio de Janeiro (2009) - e que compõem assim uma afirmação visível aos olhos do mundo.

Que, na demarcação desses territórios, se desenham fronteiras, se determinam propriedades, se erguem os muros – com mais ou menos visibilidade.

Que um lado verá o muro como protecção.
Que o outro lado vê-lo-á como segregação.
Mas que a sua função será, sempre, de evitação.
De separação.