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30 de junho de 2013

Anta do Zambujeiro em risco de ruir


Monumento está prestes a colapsar. Desabou parte da cobertura no acesso ao interior da anta.
O maior monumento funerário megalítico da Península Ibérica ameaça ruir, perante a passividade dos serviços regionais e nacionais de proteção do património. Parte da cobertura do corredor de acesso ao interior da Anta Grande do Zambujeiro desabou no passado fim de semana. E toda a estrutura pode colapsar.
“Tombou um grande fragmento que fazia parte do chapéu do corredor. Está prestes a acontecer uma catástrofe. É um problema preocupante. No dia em que cair a câmara não haverá mais nada a fazer”, diz o arqueólogo Mário Carvalho, que considera “uma vergonha” o estado de abandono e degradação do monumento.

Construída entre 4 mil e 3500 antes de Cristo, a Anta Grande do Zambujeiro é composta por uma única câmara, tendo sido utilizada durante o Neolítico como local de enterro e espaço para possíveis cultos religiosos. Trata-se de um dos maiores monumentos megalíticos existentes em Portugal, que atrai a Évora milhares de visitantes todos os anos.

“É uma vergonha trazer a este local pessoas que vêm de todo o mundo e que aqui chegam para ver uma estrutura em ruína”, acrescenta o arqueólogo.
A câmara em forma poligonal é formada por sete enormes pedras de 8 metros de altura, que inicialmente se encontravam cobertas. O acesso era feito através de um corredor com 12 metros de comprimento por 2 metros de altura. Toda a estrutura apresenta sinais de degradação.
“Dentro desta categoria é um monumento excecional a nível mundial e neste momento está prestes a colapsar”, diz Mário Carvalho.

Fonte da Direção Regional de Cultura do Alentejo reconhece a dimensão do problema e revela que um estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil confirmou a existência de problemas estruturais graves. O estudo data de 2006.
Numa informação técnica datada dessa altura, o arqueólogo António Carlos Silva aponta para a existência de um “cenário calamitoso que era já percetível mas que agora está devidamente fundamentado”.

No entanto, de então para cá apenas foi colocada uma estrutura em madeira para tentar evitar a derrocada do corredor, precisamente onde ocorreu o desabamento deste fim de semana
A mesma fonte indica que o facto de o monumento de encontrar em propriedade privada “impossibilita” a realização de trabalhos que conduzam à salvaguarda da anta.
“É um monumento cuja degradação se acentua de dia para dia. Toda a mamoa, a cobertura original [da anta] foi removida deixando a descoberto o esqueleto pétreo que se vai degradando a cada ano que passa. O monumento está prestes a colapsar. Pode estar por meses ou por poucos anos, mas está na iminência de colapsar”, sublinha o arqueólogo.

Classificada como Monumento Nacional, a Anta Grande do Zambujeiro foi escavada em 1965 pelo investigador Henrique Leonor Pina, tendo ficado conhecida no meio arqueológico por constituir um dos maiores monumentos megalíticos encontrados até hoje na Península Ibérica.

(Luis Godinho - Alentejo em Linha)