29 de dezembro de 2015

O "nosso" homem na UNESCO é alentejano...

Alentejano antropólogo, filho de pastores e pescadores, que coordenou as duas últimas candidaturas à UNESCO, alerta que o país que Michel Giacometti percorreu nos anos de 1960 a 1980 em recolhas etno-musicais já não existe. Quem detém este património está hoje circunscrito a lares e centros de dia.

Já lhe chamam “o nosso homem na UNESCO”. Paulo Lima, alentejano de Sines, 49 anos, antropólogo, descendente de pastores e pescadores, foi contemplado na classificação do fado em 2011 e do cante em 2014 e dos chocalhos em 2015. No fado, foi o autor de um estudo prévio e integrou a comissão executiva da candidatura.

Três anos depois coordenou a candidatura do cante alentejano a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Em 2015, regressou como coordenador científico de um novo projecto, desta vez a arte chocalheira com a qual conquistou a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura e colocou Portugal como uma referência internacional na salvaguarda do património urgente.

Apesar da dimensão do sucesso, o antropólogo não se considera um homem com sorte porque, diz, a inclusão na lista do Património Imaterial da Humanidade implicou “muito esforço, e sobretudo capacidade em transmitir à organização das Nações Unidas as razões que fundamentaram os conteúdos das propostas apresentadas.”

E dá como exemplo a candidatura da arte chocalheira. Quando o comité de especialistas da UNESCO, classificou de “exemplar” a candidatura do fabrico de chocalhos, estavam consumidos na pesquisa do tema cerca de 15 anos.

Conta o tempo desde o início do século, quando passou por Alcáçovas para observar o trabalho de um chocalheiro chamado Penetra, o mais velho e o mais antigo na actividade. O momento ficou arquivado na sua memória motivando-o para o conhecimento mais profundo da arte. “Falei com ele para conhecer pormenores da arte e deu-me a observar esta coisa espantosa: agarrou, numa das mãos, um chocalho fabricado em chapa de ferro e na outra, um de latão. Ia batendo nas duas peças para ouvir o som produzido. Este homem está a pesar o som”, pensou.

Comprou casa em Alcáçovas, para onde foi viver com a família em 2009, e um dia, o aborrecimento e a falta de vontade na leitura conduziram-no a uma exposição sobre chocalhos do mestre Penetra “que hoje está num lar desligado da vida.”

Como não tinha muito que fazer no campo da investigação, decidiu prosseguir a pesquisa sobre a arte chocalheira. Procurou informação e numa primeira análise recebeu a indicação que não havia muitos elementos sobre o tema.

O caminho tinha de ser outro. Convidou um pequeno grupo de amigos para integrar uma equipa de cinco elementos “com um bom currículo” para desenvolver diversificadas funções. “O meu papel foi o de criar uma história e ser assim uma espécie de produtor da coisa”, refere Paulo Lima.

O trabalho mais exaustivo e alargado veio a revelar que afinal havia “montes” de informação sobre a tradição chocalheira. A indústria tinha começado em Alcáçovas nos meados do século XVIII e a equipa foi ao pormenor de descobrir os mestres que desenvolveram a arte na freguesia alentejana do concelho de Viana do Alentejo, desde 1750/60 até aos dias de hoje.

“Agora olhamos para um chocalheiro de Alcáçovas e sabemos qual a sua ascendência”, realçando-se a família Sim-Sim a mais antiga no desempenho da actividade. E, desta forma, a equipa conseguiu “inventariar o percurso histórico de quase duas centenas de fabricantes de chocalhos, os negócios que as famílias fizeram durante décadas, as suas estratégias económicas e de vendas, só em Alcáçovas” salienta o antropólogo.

O tema era tão importante para os investigadores que solicitaram em 2009, à Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, apoio para a apresentação de uma candidatura da arte chocalheira a Património Imaterial da Humanidade, mas a proposta encontrou fraca receptividade. “Quando em 2012 avançámos com a candidatura não tínhamos apoios financeiros para os chocalhos” e a equipa foi obrigada a pagar do “próprio bolso” os encargos iniciais da investigação. Após muitos esforços o único organismo que deu apoio e um quadro de promoção foi a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, sobretudo o empenho do seu presidente, Ceia da Silva.

No entanto, o caminho não foi fácil pelas reservas que a proposta levantava nas entidades às quais solicitavam apoio. “Levava um chocalho e as pessoas riam-se. Está a trabalhar nessa coisa?”, perguntavam-lhe com demasiados sobrolhos franzidos. Naquele ano ainda havia alguns produtores de chocalhos. “Hoje existem apenas dois, um em Alcáçovas e outro no Cartaxo” constata o antropólogo.

(Público)

27 de dezembro de 2015

Coudelaria de Alter concorre a Património Mundial




















O Município de Alter do Chão e a Companhia das Lezírias, que gere a Coudelaria, estão comprometidas com a apresentação de pedido de inscrição da Coudelaria de Alter, com 267 anos, como património mundial, a ser apresentado à UNESCO no início do próximo ano.

(Tribuna do Alentejo)

25 de dezembro de 2015

Um dos livros mais belos do ano...




Livro "Dark Sky Alqueva" escolhido pelo Público
como um dos "Mais Belos do Ano"

O livro "Dark Sky Alqueva - O Destino das Estrelas / A Star Destination" foi eleito, na selecção do Jornal Público, como um dos "Mais Belos Livros do Ano", pelo professor Carlos Fiolhais.
A autoria desta obra é do astrofotógrafo e fotógrafo profissional Miguel Claro.

(Diário do Sul)

21 de dezembro de 2015

Natal em Monsaraz

Decorre a 6ª edição do presépio de rua na vila medieval de Monsaraz (Reguengos de Monsaraz, Évora), de 4 de dezembro a 9 de janeiro.

Em simultâneo, existe um programa de animação e entretenimento com mostras de artesanato e de produtos regionais, animação de rua, um tributo à paz, concertos de Natal, de Ano Novo e de Reis, do Cante ao Menino e do Cante aos Reis.

No dia 12 de dezembro, sábado, às 12h e às 17h, no adro da Igreja Matriz, haverá animação musical de rua pelos alunos da Escola de Música da Sociedade Filarmónica Corvalense e a atuação da Banda Juvenil da Sociedade Filarmónica Corvalense.

No dia 19, às 21h, será a Igreja Matriz a servir de palco para receber o tradicional Cante ao Menino e no qual participarão o Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz, Grupo Coral e Etnográfico “Amigos do Alentejo” do Feijó e o poeta Manuel Sérgio, acompanhado à viola por José Farinha.
Também na Igreja Matriz, mas no dia 26, pelas 17h, realiza-se o Concerto de Natal com o Coro Polifónico da Sociedade Filarmónica Corvalense.


Logo a abrir 2016, chega o Concerto de Ano Novo e pela Paz, na Igreja de Santiago, às 17h30, e com a atuação do Quarteto Bachus, acompanhado pela soprano Ana Cerro (solista do Teatro Nacional S. Carlos) e com a participação do Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz.
Em seguida, às 19h, associações e empresas locais prestam tributo à paz com o lançamento de 100 lanternas de céu, num cordão humano que vai ligar a porta da vila à porta do castelo.

No dia 2 de janeiro haverá animação de rua com grupos de música de câmara da Banda da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense e, a 5, o Cante aos Reis surgirá junto ao presépio às 19h30, pelas vozes do Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz.
Para encerrar o “Monsaraz do Natal aos Reis”, no dia 9, às 17h, na Igreja Matriz, decorrerá o Concerto de Reis pelo Coral de S. Domingos, dirigido pelo Maestro João Luís Nabo.

(Tribuna do Alentejo)

19 de dezembro de 2015

I Colóquio de Museus Rurais do Sul


9h15 — Abertura 9h30 — Apresentação do projecto Rede de Museus Rurais do Sul, por Miguel Rego (Museu da Ruralidade)
9h45 — Recolhas Comunitárias e Narrativas Museológicas Participadas por Fernando António Baptista Pereira (FBAUL) 
10h30 — Apresentação dos “Cadernos do Museu, 3” 
10h50 — 11h15 — Os museus da Rede – Participação do Museu da Abela, Museu da Farinha, Museu de Mértola – Alcaria de Javazes e Museu de Aljustrel – Núcleo de Ervidel, coordenação de Ema Pires (Universidade de Évora e IHC) 
12h15 — Apresentação do vídeo Memórias do Natal de Entradas, produção do Museu da Ruralidade 

Almoço 
14h30 — Olhares ao Natal na literatura regional, por Carlos Pedro (Município de Castro Verde) 15h00 — Museus, Comunidades e Património Cultural Imaterial por Paulo Costa (Director do Museu de Etnologia) 
15h45 — Os museus da Rede – Participação do Museu da Ruralidade, Museu Rural de Pias, Museu de Estremoz, Museu de Santa Clara, coordenação de Paulo Nascimento (Município de Castro Verde) 16h45 — Fórmulas e fontes de financiamento de projectos culturais, por Vítor Martelo (Município da Moita)
17h50 — Visita ao Presépio de Almeirim e soprar de velas do II aniversário do Núcleo “A Minha Escola” 

Organização: Museu da Ruralidade Apoio: Caixa de Crédito Agrícola, Município de Castro Verde

18 de dezembro de 2015

Pedro Alves e Miguel Pena expõem em Estremoz



Não percam a primeira exposição da BD que Pedro Alves e Miguel Pena desenvolveram durante mais de um ano. Não percam! É às 17h no Beat in Box Caffé

17 de dezembro de 2015

Évora vai cantar as janeiras

A tradição voltou para cantar as Janeiras em Évora.

A festa dos reis vai este ano ser retomada, depois do sucesso registado no ano passado.

As três Uniões das Freguesias urbanas de Évora, em parceria com o Município, convidaram cerca de duas dezenas de grupos corais que vão começar a cantar partir das 18 horas do próximo dia 6 de janeiro 2016, percorrendo o Centro Histórico e os bairros envolventes. Cerca das 20h vão reunir-se na Praça do Sertório e fazer-se ouvir dando as boas vindas ao ano recém-chegado.

À música juntam-se petiscos tradicionais e o bolo-rei. A população do concelho de Évora está já convidada a participar na festa. Cantar ou ouvir cantar as Janeiras, degustar sabores da região, aquecer-se à fogueira, partilhar vivências, e guardar novas memórias, são motivos fortes para marcar nas agendas novas as Janeiras que também em Évora se cantam na semana a seguir ao Ano Novo e duas semanas depois do Natal.

16 de dezembro de 2015

O castelo da lousa no Museu da Luz




A identificação do lugar do castelo da lousa é hoje possível apenas a partir das suas coordenadas geográficas, 38º 21′ Norte 07º 24′ Oeste. 

A precisão da sua localização remete-nos para uma singularidade geológica, topográfica e arquitetónica, que se desenhou, durante milhares de anos, com o curso do rio Guadiana. Entre estratégia, necessidade ou oportunidade, a construção do que foi o lugar do castelo da lousa faz-se, hoje, a partir do imaginário da sua fundação romana, até às múltiplas dimensões que a sua ruína evoca. Dois mil anos de presença neste território, deixam uma profunda impressão identitária sobre a sua cultura material e imaterial. 

A submersão do castelo da lousa e a impossibilidade de um contacto direto com o lugar, leva-nos a uma leitura mais focada sobre a documentação resultante de vários registos captados ao longo do tempo e à urgência em fixar as memórias que ainda habitam quem vivenciou e sentiu o carácter deste lugar e dos percursos que a partir dele se geravam. É este espectro de múltiplas relações convocadas por este monumento que esta exposição procura evidenciar, através de um trabalho multidisciplinar de identificação, registo, interpretação, memória e debate. 

O processo de preparação desta exposição constitui igualmente a possibilidade de reunir no museu registos vários até agora dispersos, criando uma importante base documental. Uma série de discursos expositivos são colocados em paralelo, criando leituras complementares, a partir de vários suportes de comunicação como o desenho, a maqueta, a fotografia, o texto, os objetos, a imagem vídeo, a escultura e o próprio espaço do museu, onde o visitante é convidado a estabelecer relações e a formar a sua própria leitura do lugar do castelo da Lousa.

Pedro Pacheco, Curador


15 de dezembro de 2015

Mantas, teares e tapeçarias em Belver

Um museu dedicado às mantas e tapeçarias tradicionais produzidas em Belver, no concelho de Gavião, distrito de Portalegre, vai abrir no primeiro trimestre de 2016, disse à agência Lusa o presidente do município, José Pio.

O autarca explicou que a abertura do espaço museológico de Belver estava prevista para novembro deste ano, mas, devido a “um problema em termos de construção, a obra atrasou”.

Segundo José Pio, o projeto pretende “reavivar uma tradição bem típica” daquele concelho, no sentido de “cativar os mais novos” para aprenderem a produzir este tipo de peças. O museu, de acordo com o autarca, fica instalado num edifício onde funcionou uma antiga unidade de produção de mantas e tapetes, sendo “o espaço composto por uma parte museológica e por uma outra área para trabalhar as peças ao vivo”.

“É nossa intenção ter pessoas no museu a trabalhar ao vivo. Nós até estamos a ponderar a hipótese de concessionar o espaço a artesãos que queiram usufruir dele”, acrescentou o autarca.

(CMJornal)