8 de janeiro de 2015
7 de janeiro de 2015
6 de janeiro de 2015
5 de janeiro de 2015
4 de janeiro de 2015
"Nas varandas da minha rua" por José Luis Peixoto
Há roupas estendidas em todas as varandas da minha rua. Chegou o sol a meio de janeiro, claridade que atravessa o frio. As roupas estendidas a secar são bandeiras privadas, cada uma representa o país específico e concreto de um corpo.
Noutras horas, estas roupas cobrem a pele de gente com pensamentos. São calças a caminhar com pressa para chegar a algum lado, onde precisam de sentar a sua fazenda. São camisas que envolvem peitos a respirar, corações que batem e que, lá nessa intimidade rente à pele, fazem soar pancadas graves e certas, lentas. São cuecas que dão conforto à minha vizinha da frente, uma senhora com mais de setenta anos, que aprecia bons elásticos, capazes de lhe darem uma segurança física que, sem esforço, transporta para outras dimensões do seu quotidiano.
Os lençóis, brancos ou de cores claras, são velas de naus que ainda navegam. A brisa, mesmo esta brisa gelada de janeiro, alimenta-os de uma liberdade que, depois, noutras horas, são capazes de transformar em aconchego maternal. À noite, quando esta rua amansa até quase desaparecer, são estes lençóis que envolvem os corpos adormecidos de todos os que habitam estas casas, que saem delas e que regressam a elas. Durante esse tempo de consciência dissolvida no sono, os seus corpos perdem forças e precisam de um espaço que os agarre e regenere. Esse espaço são estes lençóis, agora estendidos a secar, a aproveitarem esta luz em janeiro.
E tudo aquilo que se agarra à pele, ou tudo aquilo que a pele segrega, que a atravessa de dentro para fora, chega a esta roupa e permanece na sua superfície. A transpiração, fruto do esforço e do tempo, ou o cheiro, fruto da identidade mais profunda e biológica, colam-se a estes tecidos. A transpiração é embebida por estes tecidos. Os contornos das pessoas da minha rua ficam marcados nos lençóis onde dormem. Depois, num momento, como na canção de um filme antigo, água e sabão diluem essas marcas. Esses restos de pele seguem com a água e, se resistem, evaporam em dias como este, nas varandas da minha rua, ascendem ao céu da cidade, misturam-se com o ar que, amanhã, quando já não dermos por isso, será respirado, bebido, regressando ao corpo.
Assim, há um ciclo que se renova nesta roupa estendida. Não é apenas uma imagem desta rua e das ruas que, agora, nesta cidade, aproveitam o dia; é algo muito mais profundo, feito de tato: é a memória de dedos, suaves, que nos educaram na sensibilidade de estarmos despertos para aquilo que nos chega à pele.
Agora, as pessoas da minha rua estão espalhadas pela cidade. Não sou capaz de descrever todas as intenções que carregam, talvez seja impossível fazê-lo, não sou capaz de descrever os seus corpos à procura de caminhos; mas sei que, no futuro próximo, talvez já amanhã, talvez na próxima semana, terão estas roupas a envolvê-los. Nelas, irá um pouco do sol deste dia, janeiro luminoso, e, mesmo que ninguém se lembre de reparar, estará lá um pouco deste brilho, misturado com vida, a dar vida, a repetir vida.
José Luís Peixoto
(in UP Magazine)
Noutras horas, estas roupas cobrem a pele de gente com pensamentos. São calças a caminhar com pressa para chegar a algum lado, onde precisam de sentar a sua fazenda. São camisas que envolvem peitos a respirar, corações que batem e que, lá nessa intimidade rente à pele, fazem soar pancadas graves e certas, lentas. São cuecas que dão conforto à minha vizinha da frente, uma senhora com mais de setenta anos, que aprecia bons elásticos, capazes de lhe darem uma segurança física que, sem esforço, transporta para outras dimensões do seu quotidiano.
Os lençóis, brancos ou de cores claras, são velas de naus que ainda navegam. A brisa, mesmo esta brisa gelada de janeiro, alimenta-os de uma liberdade que, depois, noutras horas, são capazes de transformar em aconchego maternal. À noite, quando esta rua amansa até quase desaparecer, são estes lençóis que envolvem os corpos adormecidos de todos os que habitam estas casas, que saem delas e que regressam a elas. Durante esse tempo de consciência dissolvida no sono, os seus corpos perdem forças e precisam de um espaço que os agarre e regenere. Esse espaço são estes lençóis, agora estendidos a secar, a aproveitarem esta luz em janeiro.
E tudo aquilo que se agarra à pele, ou tudo aquilo que a pele segrega, que a atravessa de dentro para fora, chega a esta roupa e permanece na sua superfície. A transpiração, fruto do esforço e do tempo, ou o cheiro, fruto da identidade mais profunda e biológica, colam-se a estes tecidos. A transpiração é embebida por estes tecidos. Os contornos das pessoas da minha rua ficam marcados nos lençóis onde dormem. Depois, num momento, como na canção de um filme antigo, água e sabão diluem essas marcas. Esses restos de pele seguem com a água e, se resistem, evaporam em dias como este, nas varandas da minha rua, ascendem ao céu da cidade, misturam-se com o ar que, amanhã, quando já não dermos por isso, será respirado, bebido, regressando ao corpo.
Assim, há um ciclo que se renova nesta roupa estendida. Não é apenas uma imagem desta rua e das ruas que, agora, nesta cidade, aproveitam o dia; é algo muito mais profundo, feito de tato: é a memória de dedos, suaves, que nos educaram na sensibilidade de estarmos despertos para aquilo que nos chega à pele.
Agora, as pessoas da minha rua estão espalhadas pela cidade. Não sou capaz de descrever todas as intenções que carregam, talvez seja impossível fazê-lo, não sou capaz de descrever os seus corpos à procura de caminhos; mas sei que, no futuro próximo, talvez já amanhã, talvez na próxima semana, terão estas roupas a envolvê-los. Nelas, irá um pouco do sol deste dia, janeiro luminoso, e, mesmo que ninguém se lembre de reparar, estará lá um pouco deste brilho, misturado com vida, a dar vida, a repetir vida.
José Luís Peixoto
(in UP Magazine)
3 de janeiro de 2015
BDTECA em Odemira
"tira" de Carlos Rocha |
Para estimular a criatividade, a 9ª edição da BDTECA promove um concurso externo de Banda Desenhada. O concurso é dirigido a maiores de 16 anos tendo destinado 525€ em prémios (300€ primeiro classificado, 150€ segundo e 75€ terceiro). Cada concorrente pode participar com mais de um trabalho, sendo o tema livre.
Consulte AQUI o regulamento.
(in Tribuna Alentejo.pt)
Nota: Os trabalhos deverão ser entregues até 20 de Fevereiro
2 de janeiro de 2015
1 de janeiro de 2015
31 de dezembro de 2014
30 de dezembro de 2014
29 de dezembro de 2014
Medidas de proteção contra o frio intenso, aviso da GNR Alentejo
Nesta altura do ano em que o frio já começa a sentir-se de forma mais significativa, o Comando Territorial de Évora da GNR partilha um conjunto de conselhos e sugestões que convirá manter presentes:
Proteção individual:
Use várias camadas de roupa, em vez de uma única muito grossa, e não use roupas demasiado justas
Proteja as extremidades do corpo (use luvas, gorro, meias quentes e cachecol)
Procure manter-se seco e evite arrefecer com a roupa transpirada no corpo
Evite andar descalço no chão frio ou molhado
Faça refeições mais frequentes encurtando as horas entre elas, aumentando o consumo de frutos e hortícolas
Dê preferência a sopas e a bebidas quentes, (leite ou chá), e evite bebidas alcoólicas
Mantenha a prática de exercício físico habitual, mas em situações de frio intenso evite esforços ao ar livre
Faça pequenos movimentos com os dedos, os braços e as pernas, evitando o arrefecimento do corpo
Em casa:
Evite dormir/descansar próximo dos equipamentos de aquecimento
Afaste os aquecedores dos móveis
Não seque a roupa nos aquecedores
Afaste os produtos inflamáveis das fontes de calor
Se utilizar lareiras, braseiras, salamandras ou equipamentos a gás, mantenha a correta ventilação das divisões de forma a evitar a acumulação de gases prejudiciais à saúde
Proteja devidamente a lareira, braseira ou outros, para que não se tornem um foco de incêndio
Não abandone velas acesas ou mal apagadas
Evite sobrecargas: não ligue demasiados aparelhos na mesma tomada, principalmente os de elevado consumo
Nunca apague com água um incêndio de origem elétrica
No automóvel:
Ligue o aquecimento do carro 10 minutos em cada hora e baixe ligeiramente os vidros, para arejar
Com possibilidade de queda de neve, tenha especial atenção às informações de acessos e viaje sempre com mantas, água e géneros alimentares essenciais, antevendo a hipótese de poder ficar bloqueado
Tome em atenção que as crianças e os idosos, bem como os doentes crónicos e os sem-abrigo, constituem grupos especialmente vulneráveis.
E sobretudo, nunca se esqueça que a prevenção começa por si!
Proteção individual:
Use várias camadas de roupa, em vez de uma única muito grossa, e não use roupas demasiado justas
Proteja as extremidades do corpo (use luvas, gorro, meias quentes e cachecol)
Procure manter-se seco e evite arrefecer com a roupa transpirada no corpo
Evite andar descalço no chão frio ou molhado
Faça refeições mais frequentes encurtando as horas entre elas, aumentando o consumo de frutos e hortícolas
Dê preferência a sopas e a bebidas quentes, (leite ou chá), e evite bebidas alcoólicas
Mantenha a prática de exercício físico habitual, mas em situações de frio intenso evite esforços ao ar livre
Faça pequenos movimentos com os dedos, os braços e as pernas, evitando o arrefecimento do corpo
Em casa:
Evite dormir/descansar próximo dos equipamentos de aquecimento
Afaste os aquecedores dos móveis
Não seque a roupa nos aquecedores
Afaste os produtos inflamáveis das fontes de calor
Se utilizar lareiras, braseiras, salamandras ou equipamentos a gás, mantenha a correta ventilação das divisões de forma a evitar a acumulação de gases prejudiciais à saúde
Proteja devidamente a lareira, braseira ou outros, para que não se tornem um foco de incêndio
Não abandone velas acesas ou mal apagadas
Evite sobrecargas: não ligue demasiados aparelhos na mesma tomada, principalmente os de elevado consumo
Nunca apague com água um incêndio de origem elétrica
No automóvel:
Ligue o aquecimento do carro 10 minutos em cada hora e baixe ligeiramente os vidros, para arejar
Com possibilidade de queda de neve, tenha especial atenção às informações de acessos e viaje sempre com mantas, água e géneros alimentares essenciais, antevendo a hipótese de poder ficar bloqueado
Tome em atenção que as crianças e os idosos, bem como os doentes crónicos e os sem-abrigo, constituem grupos especialmente vulneráveis.
E sobretudo, nunca se esqueça que a prevenção começa por si!
GNR - Alentejo
28 de dezembro de 2014
27 de dezembro de 2014
24 de dezembro de 2014
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