6 de maio de 2014

Terras sem Sombra: tudo sobre o festival...

Béla Bartók, um dos compositores mais originais e mais versáteis da primeira metade do século XX, e a polifonia portuguesa dos séculos XVI e XVII dão o mote para o concerto que marca, finalmente, o regresso à capital do Baixo Alentejo de um festival nascido à sombra dos monumentos e das tradições musicais da cidade. A igreja de Santa Maria da Feira, matriz da cidade, um espaço privilegiado para a interpretação de repertórios polifónicos, acolhe esta iniciativa histórica. O Sagrado e o Profano: Aliterações Húngaro-Portuguesas, o título escolhido, põe em destaque um património europeu comum aos dois países, unidos por laços plurisseculares, entre os quais se destaca a herança do Cristianismo.

A 10.ª edição do Festival de Música Sacra do Baixo Alentejo iniciativa do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, terá um dos seus momentos altos a 10 de Maio, pelas 21h30, com a subida ao palco do ensemble Capella Duriensis, sob a direcção musical do maestro britânico Jonathan Ayerst. O programa interpretado dá ênfase ao húngaro Béla Bartók (Nagyszentmiklós, cidade desde 1920 em território romeno, 1881-Nova Iorque, 1945) e aos portugueses João Lourenço Rebelo, mestre da Capela do Paço Ducal de Vila Viçosa, Pêro de Gamboa, mestre da Capela da Sé de Braga, e Fr. Manuel Cardoso, mestre da Capela do Convento do Carmo de Évora.

Muito variado em termos de carácter e conteúdo, o ciclo de peças de Bartók que vai ser apresentado apresenta uma sequência de cenas e imagens musicais tocantes, evocando elementos da Natureza e, particularmente, da temática da separação e do próprio sentimento de abandono. As primeiras canções populares do mestre húngaro para coro, compostas entre 1910 e 1917, evidenciam características técnicas similares: a conservação da melodia original, atribuída à voz superior, mas arranjada com uma harmonia simples. Durante a I Guerra Mundial, Bartók, declarado inapto para o serviço militar, Bartók estaria presente no esforço de guerra para recolher canções populares entre os soldados, na região central da actual Eslováquia, o que se tornou uma fonte inesgotável de inspiração.

5 de maio de 2014

O célebre megafone de Salgueiro Maia é uma das peças do seu museu em Castelo de Vide

O presidente da Câmara de Castelo de Vide, município que detém o espólio de Salgueiro Maia, exigiu ao governo que comparticipe a construção de um museu destinado a expor o acervo do capitão de Abril.

Em declarações à agência Lusa, António Pita, eleito pelo PSD, considerou que a vontade do capitão Salgueiro Maia «só ainda não foi cumprida» porque os sucessivos governos «nunca assumiram» a responsabilidade.

«Salgueiro Maia expressou duas vontades em testamento, uma foi ser sepultado em Castelo de Vide, em campa rasa, e a outra passou por deixar o seu espólio ao município para que fosse objeto de musealização», recordou.

Segundo autarca, a criação do museu ainda não surgiu porque o município «sempre teve esperança» que os sucessivos governos «assumissem a responsabilidade», não querendo a câmara «confinar» a dimensão de Salgueiro Maia «apenas a um filho ilustre» de Castelo de Vide.

4 de maio de 2014

AOL Travel escolhe Alentejo como um dos melhores destinos mundiais...

O Alentejo está no top dos destinos aconselhados pelo portal britânico AOL Travel para uma escapadela no mês de Maio, ao lado de locais como Bahamas, Seychelles, Cannes, Grécia, Budapeste, Nórcia, Caríntia, Bergen e o Lake Tahoe.

A existência de paisagens e florestas únicas – marcadas pelos sobreiros e pelos campos de girassóis -, a possibilidade de relaxar na costa, os enoturismos, os castelos e burgos medievais ou as vilas caiadas de branco são algumas das características da Região que levam o portal de viagens a considerar o Alentejo como “um dos destinos ideais para uma fuga feliz”.

Fonte: Publituris

3 de maio de 2014

Exposição “Qualia” de Erika Dahlén (Suécia)

A Câmara Municipal de Évora inaugurou no Palácio de D. Manuel, a exposição “Qualia”, da autoria da artista plástica sueca Erika Dahlén, numa organização da Fundação Obras. 

“Qualia” é um termo filosófico para a qualidade subjetiva das experiências conscientes. Um termo para os sentimentos ou experiências para além do que é possível descrever em palavras: como o perfume de uma flor ou o experienciar de uma obra de arte. 
“Qualia” é como experimentamos o nosso mundo quando estamos conscientes. Ou, nas palavras de Daniel Denett (1942), "Qualia é um termo desconhecido para algo que não poderia ser mais familiar para cada um de nós: a maneira como as coisas nos parecem". Para Erika Dahlén, “Qualia” refere-se às qualidades silenciosas da arte visual. E é isso que ela tenta comunicar com esta exposição.

Erika Dahlén refere que o seu trabalho “está enraizado num profundo fascínio de como somos capazes de comunicar de uma forma tão abstrata como através da arte. Estou interessada em como uma obra de arte se transforma num ser - tanto como um objeto físico, como um processo dentro do observador. E como a obra é recriada numa interação entre o observador, o espaço e a luz”.

Para esta exposição Erika Dahlén (Suécia) fez um laço gigante de tiras de cortiça (27 metros de comprimento) iluminadas, atrás, por uma luz fluorescente. É uma exploração da fronteira entre a pintura e a luz, entre a realidade e a perceção. O laço sugere uma escrita numa linguagem sem palavras ou uma notação coreográfica.

Esta exposição pode ser visitada até ao dia 16 de maio, de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:00, e sábados só no período da tarde, encerrando ao domingo.

2 de maio de 2014

Revista Alentejo já nas bancas...


Tema central: a Revolução de Abril

Textos

Capitães de Abril
Moisés Cayetano Rosado
Reforma Agrária na Revolução de Abril
António Murteira
José Soeiro
Poder Local na Revolução de Abril
Francisco do Ó Pacheco
Revolução de Abril e renascimento cultural
Eduardo Luciano
Regina Janeiro

Uma capa lindíssima do artista plástico Armando Alves
com fragmento de um poema de Francisco Miguel:

SÓ QUANDO A TERRA FOR NOSSA, MEU AMOR, TEREMOS PÁTRIA.

Lisboa
Casa do Alentejo

1 de maio de 2014

XXV...

Com apresentação pública a 8 e 9 de Maio no Teatro Garcia de Resende em Évora, XXV é um projecto de criação artística que surge a convite da companhia Cendrev.

André Russo, Mara e Márcio Pereira, três jovens criadores que desenvolvem os seus trabalhos nas áreas da dança, música eperformance, tomam como ponto de partida um 25 de abril de 74 como acontecimento distante das suas memórias e vivências. 

Em XXV existe a procura de um discurso actual, que fala de um hoje, de uma inquietação que ainda é eminente, e de “...qualquer coisa que está para acontecer/Qualquer coisa que eu devia perceber/Porquê, não sei/Porquê, não sei/Porquê, não sei ainda”. [Inquietação, José Mário Branco]
Seremos capazes de perceber? Queremos acontecer?
Ou continuaremos de olhos vendados à sombra desta... “Liberdade”?

29 de abril de 2014

Pintura espanhola na galeria 9ocre

Será no sábado 10 de Maio, que a Galeria 9ocre vai inaugurar, pelas 17h00 horas, uma exposição de artistas espanhóis seleccionados no âmbito da Vive-Arte, uma iniciativa que é organizada pela galeria sala - taller María Nieves Martín Castellano, sediada em Villa Franca de los Barros na Extremadura. 

Este intercâmbio resulta num histórico de colaboração entre aquela galeria espanhola e a Câmara Municipal de Vendas Novas que agora foi interrompido por parte desta edilidade. 
Assim este desinvestimento por parte da nova equipa da Câmara vizinha, foi uma oportunidade para trazer este evento para Montemor-o-Novo, e dar oportunidade de observar algum trabalho que é desenvolvido do outro lado da fronteira, dando simultaneamente continuidade ao projecto.

A mostra conta com pintura, desenho, fotografia, escultura e instalação, notando-se portanto uma selecção ecléctica.
Para ver até 8 de Junho no seguinte horário: Terças, quintas e sextas das 18h00 às 20h00. Sábados e domingos das 16h00 às 19h00.

28 de abril de 2014

Pão e doçaria é em Montemor


Durante três dias Montemor-o-Novo será a cidade mais doce do Alentejo. O pão tradicional alentejano e a doçaria conventual são o pretexto para esta deliciosa mostra gastronómica.

É no Pavilhão de Exposições da cidade que decorre este certame. Aqui poderá adquirir o inconfundível pão alentejano caseiro para petiscar com azeitonas, queijos ou enchidos e doçaria regional como sericaia, pão de rala, toucinho do céu ou bolo de amêndoa e nozes.

Também incluídas no programa da Feira do Pão e Doçaria, estão a exposição “O Açúcar”, o Espaço “O Pão de Montemor” (exposição e venda de pão do concelho), o concurso de doçaria, animação musical e mostra de artesanato.
Com um programa para saborear sem pressas, a XI Feira do Pão e Doçaria, terá o seguinte horário:

Dia 2 de maio – 18h00/24h00
Dia 3 de maio – 10h00/24h00
Dia 4 de maio – 10h00/20h00

26 de abril de 2014

Caminhada das sopas...


Confraria dos Enchidos visita Santiago do Cacém


Visita a 10 de Maio de 2014

Não se tratando de um Capítulo, este encontro prevê algumas visitas culturais, degustação e espectáculo musical. Mas é o convívio e reforço de laços de amizade que queremos priviligiar com todos os que nos possam honrar com a sua presença.

Gostaríamos de contar com a presença dos Confrades das vossas Confrarias e amigos.
Este encontro é aberto a todos não necessitam de ser Confrades de nenhuma confraria para se juntarem a nós, neste dia em que honraremos a cultura e a gastronomia alentejana.

Agradecemos confirmações até 5 de Maio
Saudações Gastronómicas

Rui Ribeiro
(Grande Conselheiro Vogal)

Mais informação AQUI ou pelo telefone 966 233 079

25 de abril de 2014

Salgueiro Maia alentejano de Castelo de Vide

Salgueiro Maia é não só a grande referência ética e moral do 25 de Abril como representa, para todos os portugueses, sem excepção, a pureza dos ideais de Abril. Um Portugal livre, sem colonizadores, nem colonizados, sem portugueses de primeira e de segunda, onde a solidariedade não é uma palavra vã e a coesão territorial é um desígnio nacional.

É certo que a ditadura caiu e o império se desfez, mas ainda falta cumprir-se o 25 de Abril. Com efeito, Lisboa deixou de ser a Capital do Império da República Portuguesa para se transformar na voraz Cidade-Estado da República de Lisboa que, tal como Cronos, devora hoje os filhos do seu próprio povo e deste pobre País.

Foi, por isso, com profunda indignação e extrema revolta que ouvi o apelo do vate da República para que o Parlamento aprovasse a trasladação dos restos mortais do alentejano Salgueiro Maia para o Panteão de Lisboa. E Manuel Alegre, senador da República de Lisboa, não precisava sequer de pensar muito para perceber a afronta que significa para um alentejano a simples sugestão de ser enterrado em Lisboa. Em todo o caso, vou recordar-lhe.

Durante os últimos quarenta anos, o poder político sediado na capital, traindo os ideais de Abril, transformou Lisboa num enorme eucalipto que vai desertificando, ano após ano, de forma persistente, constante e desumana, todo o território nacional. Neste momento, de Portugal só já sobeja uma estreita faixa litoral delimitada a sul pelo Tejo, a norte pelo Douro e a leste pela A1. Para lá desta faixa litoral fica o deserto, como o ministro Mário Lino, com aquele seu tom de desprezo, tão bem soube catalogar.

E os alentejanos são hoje os homens do deserto. E é no deserto de Castelo de Vide, no chão sagrado do Alentejo, que está sepultado o alentejano Salgueiro Maia (ainda que considere que os autarcas do Alto Alentejo já deviam ter diligenciado para que os seus restos mortais fossem traslados para a Igreja Matriz, para o castelo ou para outro lugar relevante no centro da vila).

Como eu já escrevi, "o Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planície dão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do monge; as amplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a resistência física, a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quem quer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-se alentejano."

E Salgueiro Maia era alentejano por nascimento e temperamento. A coragem, a serenidade e o desprendimento são características típicas do alentejano.

Acresce que propor a trasladação dos restos mortais do alentejano Salgueiro Maia para o Panteão de Lisboa no preciso momento em que o Governo anuncia o encerramento do Tribunal Judicial de Castelo de Vide só pode ser entendido como um insulto à sua memória, a todos os alentejanos e ao Alentejo. Aliás, neste momento, não há um único alentejano que conseguisse descansar em paz enterrado no chão da Cidade-Estado. Leva-nos os vivos e, com eles, as escolas, os hospitais e os tribunais e, não contente com isto, quer agora também levar-nos os mortos? Antes ser enterrado no Inferno.

Eu compreendo que os políticos da República de Lisboa gostassem de ter o Capitão de Abril ali à mão de semear para, de vez em quando e por rotina, lá irem colocar uma coroa de flores e dizer umas palavras de circunstância. Mas têm de ter paciência como os alentejanos. Se querem depositar coroas de flores no túmulo de Salgueiro Maia, têm de vir a Castelo de Vide, sempre têm a oportunidade de apreciar na viagem o deserto em que transformaram o interior deste País.

Como alentejano, peço, do mais fundo da minha alma, aos familiares de Salgueiro Maia, símbolo vivo do Alentejo e do carácter dos alentejanos, que, no dia em que for aprovada a sua trasladação para o Panteão de Lisboa, saibam responder aos senhores da Cidade-Estado como responderia Salgueiro Maia. E até podem, se quiserem, responder à proposta do vate da República de Lisboa com o conhecido refrão de um poema de um jovem poeta coimbrão: "Há sempre alguém que resiste! Há sempre alguém que diz não!"

Santana-Maia Leonardo
(in Público, Fev 2014)